Cruzeiro do Sul, Acre, 25 de abril de 2024 19:50

Coluna Política Pimenta no Reino 17-01-2018

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Flaviano Melo encurrala Rocha ao anunciar apoio ao DEM para que indique o vice de Gladson Cameli

Em nota, PSDB não descartou nem confirmou a pré-candidatura de Mara Rocha ao Senado 

Reação
O MDB de Flaviano Melo resolveu reagir à possível apresentação da jornalista Mara Rocha, irmã do deputado federal e presidente do PSDB no Acre, Major Rocha, como postulante ao Senado.

Na mesma moeda
E o troco foi dado na mesma moeda da provocação tucana: em reunião realizada nesta terça-feira (16), a cúpula emedebista decidiu que apoiará que o DEM de Tião Bocalom indique o vice na chapa encabeçada pelo senador Gladson Cameli (Progressista), pré-candidato ao governo do estado nas eleições deste ano.

Rima
Ainda que Flaviano Melo tenha afirmado que a deliberação não seja sinônimo de retaliação, o MDB acabou fazendo uma rima.

Desastre
O anúncio dos emedebistas é muito promissor para o DEM, que poderia apontar Alan Rick para a dobradinha com Gladson – o que deixaria a raia livre para Bocalom concorrer à Câmara Federal – e um retumbante desastre para o PSDB. Senão, vejamos.

Sem eira…
Na hipótese de que prevaleça na aliança a vontade do MDB, o tucano Eduardo Veloso – supostamente sacramentado como vice do senador progressista – teria de dar lugar ao nome indicado pelo DEM (ou, diante de uma improvável recusa deste último, a outro partido da coligação).

… Nem beira
Com uma candidata-aventureira ao Senado da República, certamente fadada a dar com os burros n’água, o PSDB sairia do pleito duplamente derrotado – ou seja, sem senador e sem vice-governador.

Doeu
Rocha, tão logo foi divulgado o resultado do encontro da cúpula do MDB, acusou o golpe, mandando divulgar uma nota (deveras reticente, por sinal) sobre o lançamento de Mara Rocha como pré-candidata ao Senado. Segundo o informe, nada estaria decidido ainda, já que a militância do partido haverá de deliberar sobre o tema no futuro.

Rasante
O balão de ensaio tucano, portanto, voa baixo e tende a cair por terra nos próximos dias. Nas fileiras oposicionistas, são muitas as ilações levantadas a partir do anúncio de que a jornalista seria oficialmente apresentada como postulante ao Senado.

Inabilidade
Uns creditam a ameaça ao fato de que o PSDB estaria perdendo nomes importantes para outros partidos da coligação – mais por inabilidade do presidente tucano do que pelo poder de persuasão dos concorrentes, conforme ouviu este colunista.

Chorumela
Uma segunda hipótese é que Rocha se fia no ditado segundo o qual ‘quem não chora, não mama’. O próprio Major afirmou que Eduardo Veloso não teria sido indicado pelo PSDB, partido ao qual se filiou recentemente – e apenas depois de supostamente endossado por Gladson Cameli. Mas não foi isso o que ouvimos do Sr. Wherles Rocha durante o anúncio do médico para compor a chapa ao governo.

Dor de cotovelo
A terceira conjectura é mais abstrata que as anteriores – mas ainda assim não menos plausível –, e teria a ver com o ressentimento do deputado Rocha com o acolhimento dado pelo MDB ao desafeto Marcio Bittar – cujas chances de ser eleito para o Senado são inquestionáveis.

Extramuros
Consultado pela coluna, um membro do PSDB acreano afirmou, sob garantia de que seu nome não fosse mencionado, que o deputado Rocha costuma transformar ‘desafeição pessoal em questão partidária, e aliados em inimigos’. E acrescentou que a tendência do dirigente tucano dessa vez extrapolou os limites do partido, tendo consequências em toda uma coligação.

Elefante
Nossa fonte lembrou ainda que ao assumir o comando do PSDB no Acre, o deputado federal foi ironizado por um jornalista por ‘agir como um elefante numa loja de porcelana’ – para em seguida acrescentar que Rocha faz de tudo para se enquadrar na definição.

Questão de lógica
A propósito da descrença desta coluna em relação ao lançamento da pré-candidatura de Mara Rocha, basta fazermos um raciocínio simples: caso a disputa pelo Senado se tratasse de uma deliberação de instância superior do PSDB, seria muito mais lógico e razoável que se lançasse o Major Rocha ao cargo, enquanto a irmã poderia concorrer a uma das oito cadeiras na Câmara Federal, certo?

Tirocínio
E por que uma equação tão simples não ocorre aos tucanos consanguíneos? Ora, porque certamente Rocha não seria eleito para o Senado – caso contrário ele teria levado a cabo sua pretensão de disputar uma das duas vagas disponíveis –, bem como a irmã teria menores chances de chegar à Câmara que ele de se reeleger.

Pura bravata
O problema da bravata do Major e de dona Mara é que ela não se sustenta diante de uma equação simples como a proposta aí acima. E é com esse tipo de joguete que o deputado chega no ano da eleição, depois de tantas costuras feitas pelo senador Gladson Cameli e os aliados dos demais partidos que levam a sério mais um enfrentamento contra as forças petistas.

Afronta
É no mínimo desrespeitoso que o tucano, tendo avalizado, em entrevistas concedidas à imprensa, o nome do tucano Eduardo Veloso como vice de Gladson, chegue a essa altura do processo a afirmar que o médico é um estranho no PSDB.

A raposa e o tucano
Perdido no xadrez pré-eleitoral – e muito provavelmente ansioso por impor outras condições aos aliados –, Rocha levou um baita bofete na cara da cúpula emedebista. A velha raposa que atende pelo nome de Flaviano Melo uivou raivosamente do alto da colina, enquanto cá embaixo, na planície, piou, agora mofino, o tucano outrora fanfarrão.