Cruzeiro do Sul, Acre, 28 de março de 2024 20:13

Coluna Política Pimenta no Reino 16-04-2018

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on whatsapp
WhatsApp

Pesquisa do Datafolha mostra mais dois equívocos e outra incongruência dos ‘companheiros’

Sondagem indica que nem o populista Luiz Inácio resistirá à própria ficha criminal

Piada pronta

É do senador José Medeiros (PSD-MT) a máxima segundo o qual, com o decorrer do tempo, os dicionários de língua portuguesa trarão, como sinônimos, os termos Partido dos Trabalhadores e incoerência.

Metamorfoses

Nunca antes neste país um mesmo partido foi constituído de pessoas capazes de mudar de opinião de forma tão rápida e radical, sem se importar se o resultado dessa metamorfose mantém a mínima congruência com o estado anterior.

Tá na rede

Medeiros, o senador do Mato Grosso, fez a citada referência em alusão ao que dizem hoje os companheiros no Congresso Nacional sobre a reforma previdenciária e aquilo que já disse Lula durante o governo da sucessora Dilma Rousseff, quando esta anunciou sua intenção de reformar a mesma Previdência Social. Há um vídeo no YouTube a esse respeito.

Aos fatos

Feito o intróito, vamos à pesquisa de intenção de votos do Datafolha, cujos resultados foram publicados ontem (15) no Jornal Folha de S. Paulo, e mostram que a prisão de Lula teve impacto sobre o eleitorado.

Crônica de uma morte anunciada

Antes, porém, convém lembrar que é do jornalista e escritor cearense Lira Neto, autor da mais recente biografia de Getúlio Vargas, a frase que sem querer marca o enterro político do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. Escreveu o jornalista sobre Vargas: “Se a quantidade de gente que estava no funeral de Getúlio o tivesse apoiado quando precisou, ele não teria se matado”.

Cultura inútil

Poucos dias antes de ser preso pela Polícia Federal, no dia 7 de abril, Lula estava lendo o primeiro livro da trilogia escrita por Lira Neto, segundo reportagem publicada também pela Folha.

Primeiro erro

Eis, então, o primeiro erro dos companheiros sobre os desdobramentos dos fatos a partir da prisão do ex-presidente. Imaginavam, erroneamente, os próceres do PT – tanto quanto seu general abatido pela Lava Jato –, que a prisão dele haveria de mobilizar as massas contra a decisão do magistrado – a qual, diga-se de passagem, foi não só ampliada pelos desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), como também endossada por seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que negaram o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do petista antes mesmo de expedido o mandado de prisão.

A esperança por um fio

A favor dessa tese há dois fatos a lembrar. O primeiro é o episódio em que Lula teve a sua condução coercitiva determinada por Moro, no dia 4 de março de 2016. Na ocasião, o ex-presidente, exasperado com os agentes da PF no interior do imóvel, gritou que só sairia dali algemado, enquanto, em rápidas idas à sacada, olhava pra baixo na esperança de que a militância começasse a se aglomerar, em sua defesa, na rua em frente ao prédio onde morava, em São Bernardo do Campo (SP).

Mitologia tupiniquim

O segundo acontecimento, bem mais recentemente, foi protagonizado pelo senador petista Jorge Viana, dias atrás. Em discurso no Senado, ele afirmou, após mencionar a crise institucional sob a qual vivemos no Brasil, que depois do STF, só Lula, “pela liderança que representa, pelo espírito que tem de perdoar, de estabelecer convivência com os contrários (…) poderia ajudar a pacificar o país”.

Parênteses necessários

Ora, o Brasil não está dividido em relação a Lula – não mais do que depois de sua passagem pelo Palácio do Planalto, de onde ele e seus acólitos trataram de agravar ainda mais ruptura entre brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, ricos e pobres, empregadores e patrões, mulheres e homens, esquerda e direita. Vivemos sob a ameaça dessa cisão social desde 1989, quando o ex-presidente do PT  se candidatou pela primeira vez à Presidência da República.

Ladeira abaixo

Enfim, a pesquisa Datafolha mostra que a prisão de Lula afetou, até agora, seu coeficiente eleitoral em pelo menos 6%, tendo o petista recuado de 37% (percentual apurado em janeiro deste ano pelo mesmo instituto) para 31% das intenções de voto. E nada indica que até as eleições, o petista já não esteja completamente esquecido pelo grosso do eleitorado e muito bem adaptado ao cotidiano de detento do sistema prisional.

Erro de cálculo

O segundo erro dos companheiros foi achar que Lula, na pior das hipóteses, se manteria na dianteira sempre – ou, na melhor delas, seria alavancado pelas injustiças cometidas contra si pela elite responsável em manipular os cordões que põem em ação o Judiciário, o MPF, o Congresso Nacional e a grande mídia.

Projeto de poder

Daí a vã esperança de que se mantivesse na disputa a despeito da Lei da Ficha Limpa, o que, no final das contas, lhe daria a possibilidade de transferir seu espólio eleitoral no decorrer da campanha ou – em caso de ter seu registro de candidatura mantido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, acuar, na hipótese de uma vitória, os tribunais com o resultado favorável das urnas.

Crescimento

Mas, como diria Mané Garrincha, “faltou combinar com russos” – ou, mais precisamente, com os eleitores brasileiros. O crescimento de Marina Silva em um cenário eleitoral sem o ex-presidente, a ponto de ficar tecnicamente empatada com Jair Bolsonaro (PSL), mostra que os ‘votos-pêndulos’ não têm partido, e que se não podem ser de Lula, serão de outro, ainda que de uma dissidente do PT.

Eis a incoerência!

Pois é, mas os petistas, adeptos desde sempre de tudo o que lhes parece promissor, e inimigos figadais do restante, resolveram disparar contra o Datafolha. E é aí que entra a incongruência, já que ninguém viu (desde que o instituto começou a mostrar Lula na dianteira e sempre em ascensão) qualquer referência negativa às sondagens anteriores. Ou só eu que não vi?