Cruzeiro do Sul, Acre, 26 de abril de 2024 07:11

Após prisão por venda de casas, Rossandra Melo se torna empresária bem sucedida no ramo de confeitaria do Acre

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Ao abrir as grades da carceragem do presídio feminino dentro da Unidade Penitenciária Francisco de Oliveira Conde (FOC) em Rio Branco, a passagem de Rossandra Melo, dava a Operação Lares, no dia 13 de julho de 2016, mais um capítulo nebuloso. A investigação perdia o mais vistoso prisioneiro. Presa na segunda fase de inquirição junto com outros servidores públicos, acusados pela venda e distribuição ilegal de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida, prática de crimes de estelionato, tráfico de influência e associação criminosa, nenhum dos encarcerados desse processo carregou a estirpe de Rossandra.

Ela foi responsável pela delação dos principais envolvidos no esquema milionário que pode ter desviado, segundo a Polícia Civil, um milhão de reais. Relatou sem esconder o rosto e com uma riqueza de detalhes inquestionável, em depoimentos gravados – no processo em curso na segunda Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Acre – a participação de comparsas, envolvendo desde nomes dos considerados “peixes pequenos” aos da alta cúpula do governo de Sebastião Viana, que, segundo a delatora, sabia de tudo o que aconteceu no esquema classificado pela Justiça como “verdadeiro balcão de negócios”, criado dentro da Secretaria de Habitação e Interesse Social (Sehab).

Inserida nas negociações como uma espécie de “corretora dos imóveis”, responsável pela arrecadação dos recursos pagos a partir da venda das casas, Rossandra chegou a confirmar para o delegado titular da investigação, Roberth Alencar – conforme depoimento gravado na sede da Policia Civil – que abriu a Confeitaria Josefina, sua principal ocupação fora do trabalho sujo na suposta quadrilha da Sehab, com o lucro das vendas de casas do programa de habitação do governo federal.

Dos envolvidos presos, Rossandra foi quem mais permaneceu atrás das grades. Não por falta da contratação de uma boa banca de advogados. Defendida inicialmente pelo criminalista Carlos Vinicius, no curso do inquérito, a empresária chegou a trocar de defesa, e saiu da prisão, através de habeas corpus impetrado pelo advogado Armyson Lee, que não é mais seu atual defensor, pelo menos essa foi uma das poucas coisas reveladas à reportagem por Rossandra.

O Juiz Titular da 2ª Vara Criminal, Gilberto Matos de Araújo, na decisão que decretou a prisão de Rossandra e seus comparsas, chegou a dizer que o caso parecia “ser apenas a ponta do ‘iceberg’, e não é de se descartar a possibilidade de pessoas do alto escalão do governo serem alçadas, à medida que as investigações se aprofundem”.

fonte:ac24horas